sábado, 5 de maio de 2012

Um estranho em minha vida

                                                          Capitulo 2 : O galante 

Mas uma noite em que tomaria banho de balde e no escuro da noite, a floresta estava mais assustadora e não estava gostando muito. Fiquei apenas de peças intimas e comecei meu banho, quase pulei quando ouvi um assobio esquisito vindo das arvores, quando virei-me pude notar alguém.
Quase pulei, agarrei minha toalha rapidamente e tropecei sobre o cercado de madeira que veio ao chão, enquanto o garoto observava tudo sem se quer se mexer.
-Que susto! Não esta vendo que estou tomando banho.
-Estou, na verdade estou.
-Idiota! Esta é uma propriedade particular.
-Desculpe-me, não queria vê-la no banho. Só queria me apresentar, você é nova por aqui não é?
-Sou! – mal dava para ver seu rosto na escuridão.
-Eu sou Every!
-Eu sou alguém que quer muito terminar o banho.
-Me perdoe, já pedi desculpas – sua voz era tão doce e angelical que quase me perdi – Já estou indo, desculpe-me mesmo.
 Ele sumiu dali – não que estivesse o vendo – como se nunca tivesse estado naquele lugar, as coisas nessa cidade eram estranhas e eu não estava muito afim de ficar ali e descobrir o que era.
-Só uma coisa – ele me assustou novamente – Ainda não sei seu nome.
-Eloá! Tchau.
-Tchau!
Eu é quem não queria mais tomar banho, mas estava tão suja de lama que fui obrigada a erguer a cerca e continuar meu banho.
Entrei em casa e segui para meu quarto vestindo minha roupa. Queria conhecer os pontos turísticos desta cidade – se houvesse algum – então peguei meu computador e pesquisei. Invés disso apareceu coisas totalmente diferentes, por exemplo, depois da cidade havia um cemitério de bruxas, e esta era a cidade conhecida por morar muitas bruxas.
Certo eu acredito neste tipo de coisa, mas não o suficiente para acreditar que havia bruxas ali, talvez lá no século dezenove quando bruxas eram aquelas que faziam coisas que não estivessem na lei e não magia.
Deitei-me e novamente o peludinho colocou-se ao meu lado, fechamos os olhos juntos e então começamos a dormir.

Estava a caminho do prédio, sem Hole – que latiu bastante quando fechei a porta de casa com ele dentro – e sem materiais nenhum, não achei que fosse necessário, quando topei com alguém e cai na rua. Ele me ofereceu a mão para que eu levantasse e pude notar seu perfil de galanteador, tinhas cabelos negros e ondulados caindo em seu ombro e uma perfeita e densa franja sobre seus olhos – ou pelo menos um deles, já que esta estava arrumada para o lado esquerdo – tinhas olhos brilhantes e negros e uma pele clara que não parecia natural mais tinha vontade de tocá-la. Vestia-se somente de preto o que dava certo efeito lindinho em sua pele branca.
Seu cheiro chegou a mim assim que estava de pé de frente a seu corpo magro e musculoso, tinha o cheiro da floresta, era doce sensível e ao mesmo tempo selvagem. E por incrível que pareça eu tinha a impressão de que já o tinha visto em algum lugar.
-Desculpe-me, não vi você passar – sua voz era doce, e parecia que ele realmente queria se desculpar, e eu ate desculparia se não reconhecesse aquela voz.
-Você é Every? – ele assentiu, refiz a pergunta em descrença desta vez me perguntando por que não o deixei ficar ontem – Você. É. Every?
-Sim, por que deixei alguma duvida na primeira pergunta?
-Nenhuma! É que... Só queria ter certeza – certeza de que seria ele o gato a me visitar ontem.
Ele riu, podia apostar que estava fazendo aquela cara de “eu quero você garoto e vou conseguir”. Tentei lembrar-me do que estava fazendo.
-Então, eu tenho que ir – passei por este mesmo não querendo seguir.
-Certo, mas se esta tentando escapar... – de jeito nenhum querido – Estou indo para o mesmo prédio.
Comemorei por dentro, já era uma vitória.
-Então me acompanhe – convidei.
Ele assentiu e colocou-se ao meu lado, o ritmo de nossas passadas eram iguais e diminuíam gradativamente quando mais nos aproximávamos do prédio.
-Você estuda aqui faz muito tempo?
-Na verdade não, resolvi fazer parte disso hoje.
Pensei por um momento no que ele estava falando, e então eu entendi.
-Você esta indo estudar hoje?
-Bom, o colégio é para quem quiser aprender nesta época do ano, e tenho motivos especiais para ir para lá.
-E qual seria seu motivo especial?
-Talvez certa garota que vi ontem em meio ao banho, alias lindo corpo.
-Certo aquilo foi um acidente e você vai esquecer – ameacei brincando, olha só eu nem o conhecia mais estava numa intimidade confortável a qual não estava dando a mínima.
-Não se preocupe não vou contar a ninguém.
-Então podemos começar este verão sendo amigos? – o convidei a minha proposta.
-Depende, eu não te conheço muito bem. E pelo seu gosto por peças intimas posso dizer que você tem poucos amigos verdadeiros, estariam os outros se afastando por você ser uma péssima amiga?
-Não! – ri com a idéia de alguém tirar toda essa informação das minhas peças intimas, e estava esperando que ele não fosse um daqueles garotos malucos por sexo que querem ficar com qualquer uma – Sou ótima amiga, só prefiro os poucos e verdadeiros invés dos muitos e falsos.
-Que bom! Por que eu também prefiro assim, então posso dizer que podemos ser amigos – ele curvou-se convidando-me a entrar no prédio, mal notei quando tínhamos chegado.
-Obrigada! – disse passando por este.
-Se quiser saber onde fica tudo por aqui, é só me procurar.
Assenti e segui corredor acima, queria encontrar a biblioteca e esperava que não me perdesse, agora sim eu tinha entendido por que só havia dois colégios na cidade, eles eram enormes.
Depois de quase sete minutos procurando me rendi, ate ver Every do outro lado do campus em sua calça jeans, blusa lisa e casaco com capuz caminhando em direção a esta ala. Levantei-me e comecei a caminhar em direção a ele como se não o tivesse visto.
Esbarramos – ou melhor, eu esbarrei nele – e ele me segurou para certificar-se de que eu não cairia desta vez.
-Oi! Eu nem te vi, me desculpe – disse como quem não quer nada.
-Esta tudo bem! Estava indo ate a biblioteca.
Fingi estar sem graça e comentei:
-É... Eu estava tentando ir para lá, mas me perdi e não consigo achar o caminho.
-Eu também não sei onde é, mas podemos procurar juntos.
-Não vou estar te atrasando?
-Claro que não, ao menos se nos perdermos não estaremos sozinhos.
-Mas estaremos perdidos do mesmo jeito.
-Às vezes é uma coisa boa – ele me encarou e depois voltou a encarar o caminho – Vamos?
-Ah sim!
Começamos a caminhar, vim um pouco atrás para poder observar. Que homem como esse teria tudo isso e ainda um traseiro grande e lindo, tão lindo que deu vontade de apertar, mas me contive.
-Acho que é aqui.
Adentramos a sala e percebemos que a biblioteca era incrivelmente grande assim como as salas de aulas deviam ser. Adentramos o local e então nos separamos, ele foi à seção de livros de artes e eu segui ate os livros locais, algo que me informasse mais desta cidade como, por exemplo, gatinhos fora do normal com um traseiro lindo.
Ele riu lendo um dos livros, ate seu riso era encantador.
Pulei de susto quando meu celular tocou, todos que estavam presente na biblioteca reclamaram do barulho. Atendi o telefone e me enterrei em uma das prateleiras.
-Joana isso não é hora de me ligar – reclamei baixo.
-E que horas são exatamente, amiga?
-Desculpe, é que estou em uma biblioteca.
Ela gritou do outro lado do telefone.
-Numa biblioteca? – perguntou esta descrente – Você. Esta. De. Férias. Coloca isso na sua cabeça, e me explica por que esta numa biblioteca?
-Depois eu te explico, não tenho tempo agora.
-Agora não tem nem mais tempo. O que esta acontecendo com você amiga? Esta doente? Sua avó é muito malvada? Por que você não retorna minhas mensagens?
Ontem Joana tinha mandado-me pelo menos vinte mensagens querendo saber como eu estava.
-Estou sem credito, eu já disse que nos falamos mais tarde. Tchau! – desliguei antes que ela gritasse algo mais.
Peguei um livro da historia das bruxas na cidade e sentei-me em uma mesa. A única desocupada por sinal, mal coloquei os olhos no livro e alguém me perguntou:
-Posso me sentar aqui? – Every mostrou-me a cadeira de frente a minha e depois olhou em volta para mostrar que não havia mais lugares.
-Claro, afinal a biblioteca é publica não é?
-Antes de começar a ler e eu começar a te irritar com minhas perguntas, posso te fazer uma única pergunta? – assenti – Qual o interesse nos livros locais?
-Nenhum, só queria saber um pouco mais sobre a cidade e suas chatices – acho que estava um pouco nervosa e antes que ele notasse enterrei a cara no livro.
Antes de começar minha leitura observei-o lendo, sua franja comprida e densa caia-lhe nos olhos e ele fazia um movimento lento e gracioso para tirá-las dali. Parecia atencioso ao que fazia e nem um pouco interessado no assunto do livro, parecia ate que não estava ali.
Voltei-me a minha leitura esquecendo de tudo a minha volta. Consegui separar algumas coisas interessantes na leitura, coisas que escrevi em um caderno que tinha pegado no balcão da biblioteca.
Curiosidades sobre a cidade: ela é o ponto alto de feitiços, por isso quase sempre muitas bruxas viam viver aqui para que seus feitiços fossem mais fortes e duradouros.
Curiosidade dois: as bruxas eram queimadas e enterradas por praticar feitiços que inibiam as leis. E quase sempre por ser feitiços muito cruéis contra inocentes.
Curiosidade três: o livro tinha sido escrito muito tempo atrás e então reescrito no século vinte, o autor acrescentou assuntos de suas autorias e afirma dizer que ainda nesta época havia bruxas nesta cidade, e continua a afirmar que futuramente elas ainda existiram.
Curiosidade quatro: Every fica incrivelmente lindo quando escreve alguma coisa, ou quando se mexe, ou quando respira... Certo, estava fora do meu foco.
Voltei ao livro e tentei ficar nele por um tempo maior que o primeiro, apagando todas as coisas da minha mente e concentrando-me somente na leitura.

Mal vi o tempo passar quando fiquei concentrada, e não vi o lindinho se retirar também. O sinal do colégio soou pelos corredores e então tínhamos de nos retirar, não podíamos nem se quer levar livros conosco por que os professores não tinham permitido esta função, então eu teria de voltar à biblioteca amanha e continuar minha leitura, ou eu poderia simplesmente...
-Se eu fosse você não pensava nisso – Every apontou o livro em minhas mãos – Há seguranças que trabalham no verão para que esse tipo de coisa não aconteça.
-Que tipo de coisa? – fingi não saber do que ele esta falando.
-Que um pertence do colégio saia dessa área sem ser período de aula.
-Como sabia no que eu estava pensando?
-Acho que esta bem obvio, já que esperou todos saírem com o livro fechado e ainda não o tinha colocado na prateleira.
-Tudo bem, me convenceu. Mas eu realmente preciso ler este livro.
Ele olhou em volta com certa duvida.
-Certo, mas você pode voltar à noite quando ninguém estiver aqui. Ou ate mesmo a tarde.
-Ficar sozinha nesse colégio... – olhei a biblioteca e as filas e mais filas de prateleiras – Acho que não.
-Eu posso te acompanhar, mas se nos pegarem digo que a idéia foi sua – ele sorriu.
Pensei duas vezes antes de aceitar e assentir. Estava mesmo disposta a ficar sozinha com alguém que não conheço, num prédio enorme e assustador por causa de um livro que eu poderia simplesmente tentar levar agora? Sim, estava disposta.
-Combinado então, nos vemos às duas da tarde.
-Então ate as duas.
Nos retiramos do prédio assim que um segurança veio nos buscar e disse que biblioteca não era lugar para namorar. Despedimo-nos na rua e segui de volta para a casa da minha avó, Hole ficou muito animado em me ver e vovó pediu para que eu a ajudasse a fazer bolinhos, quase sempre – quando estava em casa – ela ia para a cozinha.
-Para que esses bolinhos?
-Para levar a casa de doações.
-A senhora vai doar bolinhos? – comecei a rir – Não tinha algo melhor?
-Ora querida, cada um doa o que quer – ela sorriu empurrando-me com o cotovelo.
-Pois é! Vovó eu vou sair à tarde, tudo bem não é?
-Depende muito de que tipo de saída se trata.
-Com um garoto.
-Já arranjou um namorado querida?
-Não, claro que não. Ele é só um amigo.
-Acho que não por muito tempo.
-Pare com isso vovó, sua época de namorar já passou parece ate minha mãe.
-Querida quem disse que minha época de namorar já passou? Ainda estou jovem, posso sair com quem eu quiser quando eu quiser.
-Isso é o que vamos ver – a desafiei.
-A primeira que trouxer um rapaz para jantar vence – ela aceitou meu desafio.
-Vai perder velhinha.
-É o que você acha garotinha.
Pegamos a glacê e atiramos uma na outra, Hole estava adorando aquela chuva de doçura, mas meu cabelo estava horrível e no fim tive de tomar um banho para tirar todo aquele açúcar do meu corpo, mal tive tempo de almoçar quando alguém bateu a porta. Corri ate lá e abri.
-Oi! – Every me saldou.
-Oi, só um minuto.
Afastei-me e deixei a porta aberta, mas ele não entrou. Puxei seu braço e assim que estava dentro o soltei. Subi ate o quarto e peguei minha mochila, Hole parou na porta e olhou-me como se dissesse que eu não iria para lugar nenhum sem ele, e quando resolvi testar a teoria ele mordeu minha calça e ficou grudado nela ate quando cheguei à porta e ele animou-se indo ate Every.
-Agora esta apelando? – perguntei a Hole.
-Ele é lindo! – Every comentou – Olá garotão! Como vai tudo?
Hole latiu e depois olhou para mim. Peguei a coleira dele e coloquei em seu pescoço, e então finalmente pudemos sair de casa e seguir ate o prédio.
-Vamos dar a volta seguindo pela floresta, assim ninguém vai nos ver entrar – ele dizia enquanto brincava com Hole.
-Certo, mas não confio naquela floresta.
Ele riu.
-Não confia? É só uma floresta.
-Para você talvez, mas para mim parece à casa dos terrores onde moram todas as assombrações.
-Por que diz isso? – ele pareceu um pouco triste agora.
-Bom, era só uma brincadeira mais acho que ela foi longe demais, desculpe.
-Ok! Suas brincadeiras têm que parar.
-Vamos logo, não quero perder nem mais um segundo aqui.
Sai de casa e dei a volta, adentramos a floresta e ela – como eu disse antes – vista de dia não era nem um pouco assustadora, na verdade era encantadora. Parecia aquelas florestas de filmes onde viviam fadas ou amazonas, tinha capins densos por toda a área onde meus olhos alcançavam, as arvores eram incrivelmente grandes e novas – na verdade parecia que aquela floresta tinha sido plantada a mais ou menos um ano, exceto pelo tamanho das arvores – a pouca luz que adentrava entre as folhas das arvores pareciam refletir a luz para muitos lugares fazendo a floresta ficar completamente iluminada, mas dava para ver que só pouca luz entrava mesmo.
-Nossa é linda!
-Viu, a palavra que disse não foi mal-assombrada. 
-Você é sempre positivo?
-Houve uma época que não.
Já tínhamos dado a volta na rua e não notei quando estávamos no fundo do colégio, iria perguntar como iríamos entrar, mas ele passou na frente e curvou-se sobre a porta olhando para os dois lados. E logo depois a porta estava aberta.
-Como fez isso?
Ele me mostrou um pequeno clipe. Certo isso explicava muita coisa, adentramos o colégio que estava suficientemente escuro para que não enxergue um palmo a minha frente, algo tocou-me e quase gritei mais engoli todo o pânico quando percebi que era a mão de Every guiando-me pela escuridão.
Seu toque era estranho, tinha um conforto delicado a qual você se apegava rápido, e quando alcançamos à porta da biblioteca e ele ligou a luz esse apego sumiu no mesmo instante em que ele soltou minha mão.
-Bom, aqui estamos, então pegue logo o livro e vamos sair daqui.
-Certo!
Apressei-me em caminhar ate a prateleira e comecei a procurar pelo livro, mas não o encontrei.
-Temos um problema.
-Qual? – mal vi quando ele se aproximou de mim.
-Não encontro o livro, ele estava aqui ontem, mas...
-Deveria estar ai, ninguém pode retirar os livros do colégio, esta é a regra.
-E se ainda estiver no colégio?
-Serio? Você foi a ultima a tocar no livro, e depois que todos os alunos se retiram do colégio ele é fechado e os guardas vão para casa.
-Pode ser que alguém tenha entrado depois assim como nós.
-Não, você não esta entendendo, essa cidade não é normal e eu devia ter lhe dito isso antes. Se o livro sumiu é por que a alguém que não quer que você o leia.
-Tipo quem?
-Bruxas!
Não estava acreditando que ele estava me dizendo isso.
-Não acredita realmente em bruxas não é?
-Eu tenho muitas coisas em que acreditar.
-Como assim?
-Nada, acho que já falei demais.
-Não agora você vai me dizer.
Ele parou um pouco e respirou fundo, achei que ele estaria pronto para contar o que estava acontecendo, mas ele apenas disse:
-Bruxas existem, e na verdade nada na sua vida vai ser normal de hoje em diante.

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