sábado, 5 de maio de 2012

Transparente

                                                               Capitulo 2: Segundo dia



Comecei o dia muito mal em meu quarto. A única roupa que consegui encontrar limpa fora uma regata e uma calça verde. Estava horrível, mas não tinha tempo para mudar de roupa.
Meu pai me deixou no lugar de sempre, ou seja, a cinco metros do estacionamento do colégio.
Bel praticamente seria a única do colégio que falaria comigo em meu segundo dia de colegiado. Ela e seu amigo avatar. Ele não era normal, mas divertido.
Assim que cheguei ao corredor ela me seguiu ate o armário.
-Não vamos começar o dia falando sobre o garoto do corredor vamos? – ela estava com a voz doída como se aquilo causasse dor nela.
-Não – mas eu não havia jurado.
Seguimos para a sala de aula. O primeiro horário seria mais torturante do que qualquer um. Assim que se iniciou eu notei que seria assim.
Mas há quase cinco minutos depois algo interessante aconteceu. O garoto lindo foi mandado para a diretoria – não estava feliz por isso – mas o ponto positivo foi que ao passar de frente a minha sala ele olhou para mim. E ele era tão lindo que quase me derreti. Logo depois a professora fechou a porta e não pude mais fitá-lo.
Fora isso nada mais de interessante aconteceria.
-Bem vamos tentar nos concentrar na sala de aula, tudo bem? – sabia que ela estava falando comigo, mas foi meio impossível.
A aula foi chata, tediosa e a professora mais exigente do que ontem ou do que seria durante toda semana – ao menos ela não era como o professor Claude. Também não sabia que teríamos duas aulas seguidas na semana de linguagens ou inventaria algo para ficar em casa.
-Mia acorde quase esta dormindo – Bel estalou os dedos a frente do meu rosto.
-Desculpe é que...
-Historia geral não é nem um pouco interessante não é?
-É eu estava um pouco longe daqui, devo admitir.
-A diretoria não é tão longe daqui – ela observou – Você prometeu.
-Eu não estava pensando nele realmente. Alem do que nem o conheço.
-Mas o viu e é o suficiente. Muitas de nós ate sonharam com ele, acredite, mas não vale a pena.
-Acabou de dizer que sonhou com ele – ri com a idéia. Ela não parecia ser o tipo de pessoa que sonhava com garotos, talvez com hambúrgueres – Ele já saiu com você? – pensei no assunto.
-Já saiu com todas as garotas que o chamaram.
-Ele é um pegador?
-Não, mas... Você não entenderia.
-Tudo bem, então se eu o chamar...
-Ele vai aceitar, mas quer me ouvir, por favor? – ela implorou – Não é uma boa.
-Tudo bem! – tentei me defender – Mas ainda não entendo o porquê não posso nem falar com ele.
-Pense como se fosse um aviso prévio tudo bem? Só quero te proteger de más pessoas aqui.
Assim que o horário bateu seguimos diretamente para o refeitório. Observei que ele estava no mesmo lugar de ontem, não havia ninguém sentado com ele. Apenas o observei de longe, ele estava procurando por algo e assim que encontrou meus olhos ele acenou.
Estava meio confusa e certifiquei-me que era comigo então acenei de volta discretamente. Ele voltou-se ao seu livro.
Não sabia o motivo por ele ter ido à diretoria e também não sabia se queria conhecer esse motivo. Não devia ter sido nada demais.

Fui para casa. Bel veio comigo, dessa vez eu a convidara. Notei que poderíamos ser melhores amigas uma vez que ao conversarmos quando vínhamos ate minha casa, descobri que tínhamos muitas coisas em comum. Não teria outra mesma.
Pelo resto da tarde não teríamos mais nada a fazer. Estava começando a sentir saudade do refeitório, quer dizer ao menos lá eu podia ter uma boa visão.
-Olá Mia! Que bom que trouxe uma amiga, mas podia me avisar – mamãe sorriu para Bel.
-Desculpa, é que achei que não ligaria.
-Claro que não, mas eu podia me preparar melhor. Quer dizer, veja como esta à cozinha...
Tive medo de olhar, mas mesmo assim o fiz, apenas para descobrir que literalmente minha mãe não era a mulher da casa. Somente meu pai e eu íamos à cozinha, cozinhar de verdade. Minha mãe tentava não fazer tanta bagunça.
Seguimos diretamente para o meu quarto. Ao menos nisso ela era muito boa e tudo estava em perfeitas condições.
-Por que não damos uma volta pela cidade? Você precisa conhecer tudo por aqui – Bel optou – Poderíamos...
-Ir a uma lanchonete, por que suponho que não tenhamos almoço hoje – protestei.
-Isso! Poderíamos fazer compras, sabe como é – ela olhou fundo meu armário de roupas e negou com a cabeça – Você precisa dá uma tapa no seu visual.
-Gosto das roupas que tenho, mas é uma boa idéia para sair de casa.
-Então vamos – ela mexeu no bolso de trás da calça surrada – Tenho sessenta dólares e um chiclete.
-Vamos!
Passei na cozinha antes de sair. Não poderia fazer compras sem ter ao menos dinheiro.
-Aonde vão? – meu pai parecia saber cada passo que eu daria.
-Fazer umas compras.
-Ah! Espere um minuto – ele retirou da carteira duzentos dólares e me entregou – Boas compras!
-Duzentas pratas? Não quer ser meu pai, não?
-Vamos Bel.
Ela me guiou pelas ruas de Nova York. Paramos em uma lojinha muito agradável que vendia sapatos. Havia muitos bonitos e altos, mas nenhum que me incentivasse a gastar duzentos dólares. Mesmo assim Bel adentrou a loja e tive de segui-la. Ela experimentou mais de vinte sapatos e no fim levou apenas um tênis.
-Serio? – perguntei quando saímos da loja.
-Não gostou não foi? – ela já os estava usando – Também gostei mais do preto.
Passamos em varias outras lojas e só o que conseguira me interessar fora um jeans preto com tachinhas nos bolsos. Parecia muito rock, mas eu gostei.
No caminho de volta para casa consegui encontrar uma camiseta que caiu muito bem com a calça. Bom! Fazendo a conta eram duas compras e o resto do dinheiro de Bel fora desperdiçado em chicletes.
-Aonde vai? – Bel quis saber.
-Para casa as compras acabaram.
-Sim, mas ainda há lugares... Clássicos que podemos ir.
Ela segurou minha mão e começou a me puxar. Atravessamos um sinal vermelho com tanta velocidade que nem o som poderia nos atropelar – exagero meu.
Chegamos a uma praça publica. Havia muitas pessoas por ali e podia dizer que aquele lugar era aonde elas iam para fazer o que não tinham direito em casa.
-Por que viemos aqui? – perguntei.
-Só quis te fazer um favor – ela apontou para uma direção e segui-a – Ele sempre esta lá lendo aquele livro, parece meio sinistro.
Observei-o e ele parecia gracioso ate mesmo lendo um livro. Como se soubesse exatamente onde eu estava ele olhou na minha direção e acenou. Escondi-me rapidamente.
-Ele ainda esta olhando? – quis saber. Podia apostar que estava ruborizada.
-Não, mas isso foi estranho.
-O que? – não fazia idéia do que ela estava falando.
-Ele olhar na nossa direção, exatamente na nossa direção – ela quase gritou.
-Ele ainda esta olhando? – perguntei novamente.
Ela levantou-se vagarosamente e olhou através do arbusto. Seu olhar de espantada me sugeria que ele ainda estava olhando para cá, mas ao conferir ele já não estava mais lá.
-Deve ter se sentido incomodado – comentei.
-Sei!
-Vai ver ele sentiu olhos em cima dele, isso acontece o tempo todo – tentei convencê-la. Alem do que ele não olhou diretamente para nós, ele nos procurou.
Segui para casa desta vez. Assim que passei pela porta da minha casa avisei:
-Estou no meu quarto, mãe.
-Tudo bem querida – não acreditava que ela ainda estava tentando limpar a bagunça.
Bel e eu seguimos para o meu quarto. Não notei, mas o trabalho que meu pai fazia era muito rápido. O carpete preto já estava posto em seu lugar.
Ainda estava um pouco nervosa por causa do que acontecera na praça, mas fora só uma coincidência.
-Legal, não tinha notado o quanto é...
-Legal? – ela assentiu – Ainda não esta como eu quero, mas meu pai tem que se estabilizar. Sabe como é?
-Não, nunca precisei me mudar – ela comentou – O que quer fazer antes de amanha? – ela parecia querer esquecer o que havia acontecido ou talvez já se esquecera.
-Não sei há algo para se fazer?
-Podemos... Ou... Não, acredito que nem mesmo as compras deram um jeito nesse tédio – ela deu de ombros. Quando estava prestes a sentar-me de frente ao computador ela se alterou – Podemos passar trotes.
-Não, não é uma coisa que eu faria.
-Qual é? Você tem mesmo que bancar a certinha?
-Liberdade também possui limite.

Transparente

                                                            Primeiro dia 



  
Estava me arrumando graciosamente como em qualquer outro dia, mas hoje não era um dia qualquer, era o primeiro dia de aula em uma cidade nova. Tinha de começar com o pé direito.
A produção começou com meus tênis excessivamente chamativos em rosa e meia-calça. Foi difícil me adaptar a saia com brilhinhos, mas a vesti de qualquer forma.
Minha camiseta preta quase não estava em destaque por causa do casaco de ombro cor de rosa.
Levemente passei gloss para avermelhar ainda mais meus lábios. E pendi em meus cachos loiros uma porção de laçinhos. Não podia esquecer de caprichar no lápis de olho.
-Para que tenta produção? – perguntou-me meu pai da porta do meu quarto – Devo lembrá-la que só possui quinze anos, moçinha?
-Pai – reclamei – Se quiser ser popular é assim que devo estar.
-Tudo bem Miss popular, vamos? Não quero me atrasar – ele pediu.
Assim que passei pela cozinha despedi-me da minha mãe e comi um bolinho.
Meu pai me daria uma carona ate o colégio, mas não precisava ser vista com ele ou já começaria com má reputação. Ao longo da estrada ele não comentou nada, papai sabia que eu não gostava de conversar.
Assim que nos aproximávamos os cinco metros do colégio saltei do carro.
-Cuide-se – ele pediu.
-Pai, por favor.
Ele sorriu e seguiu em direção ao seu trabalho. Meu pai não pensou duas vezes em aceitar a proposta de trabalho em Nova York e sair do Tennessee para mim foi como me atualizar. Por mais que só iríamos ficar talvez um curto período de tempo de dez meses eu não poderia perder esse tempo sem aproveitar o que à cidade tinha a me oferecer.
Assim que encontrei o prédio e comecei a vagar pelos corredores percebi a diferença entre as duas cidades. As pessoas aqui não só tinham mais estilo como também eram... Interessantes.
-Olá! – fui barrada na entrada por uma garota que parecia a rainha do rosa. Se os cabelos fossem loiros ela pareceria a Barbie em si.
-Oi! – sorri com animação.
-Sou Catlin – ela sorriu o que era um bom sinal. Estendi a mão, mas ela não apertou – Não se meta em meu caminho novata, ou se arrependerá disso. Como se pudesse – ela soltou um risinho e suas escudeiras acompanharam o ritmo.
Logo depois ela saiu derrubando os livros que estavam na minha mão. Antes que pudesse me abaixar para pegar os livros um Deus grego já os havia recolhido.
-Aqui – ele falou, mas ainda observava seu cabelo lindo e negro que lhe batia nos ombros. A frente do rosto havia uma franja irregular, mas extremamente sexy. Seus olhos eram azuis e seus cílios grandes o realçavam. Não vou comentar sobre o pecado que sua boca era.
-O... Obrigada! – recolhi os livros da sua mão e ele saiu.
Fiquei ali o observando sair. Ele era tão lindo e ainda podia apostar que era o garoto mais bonito do colégio. Mas precisava acordar, ele nunca me notaria, nem se eu quisesse.
-Se eu fosse você não ficaria de olho nele – uma garota chamou minha atenção. Fora as botas de soldado e o cabelo arco-íris, ela era extremamente normal e não me parecia nenhuma ameaça.
-Ah! Eu não...
-Você sim, mas não faça isso, você pode se arrepender...
-Espera, fazer o que?
-Ficar interessadinha por ele – ela avisou. Não entendi o porquê, ela estava interessada nele? – Seu horário – ela me estendeu uma folha de papel – Que chato! Você tem os mesmos horários que os meus.
-Ótimo! Assim você pode me dizer como tudo funciona por aqui – tentei soar bastante animada com isso.
-Vamos logo!
Ela seguiu a frente e eu fui a uma distancia considerável observando o local ao meu redor. Pude notar que duas salas depois da minha era onde o lindo garoto estava. Que pena!
Assim que igualei meus passos ao da garota e conseguimos chegar à sala notei que aquela era a sala mais desprovida da ala, quem sabe do colégio inteiro.
Havia umas quatro ou cinco garotas vestidas de preto por completamente. Vários garotos com o ego maior que o cérebro e a turma dos nerds. Fora isso não havia mais nada.
A garota dos mesmos horários que os meus não pertencia – ainda bem – a nenhum desses grupos. Mas sabia que ela também não era nem um pouco descolada. Sentei-me ao seu lado.
-Ainda não sei o seu nome – falei.
-Bel – ela se apresentou – Mas vamos ao que interessa. Quase ninguém aqui irá falar com você a não ser eu e... Eu.
-Ah! – lembrei-me do gato do corredor, talvez ela soubesse algo sobre ele – Por que não posso me aproximar dele?
-De novo essa historia? Muitas pessoas já fizeram essa pergunta – ela respirou fundo antes de continuar – A questão não é poder, é querer – ela deu de ombros.
-Isso não explica muito...
-Por que ele é louco, tudo bem?
-Louco do tipo...?
-Louco, pirado, lunático. Deixa de amolação agora – ela quase como implorou.
Ouvi muito bem o que ela havia acabado de falar, mas não conseguia ver ou entender como um gato daqueles poderia ser louco. Talvez ele apenas tivesse negado sair com muitas delas e por isso à fama.
-Então a que grupo pertence? – apontei para todo o redor da sala.
-Eu pertenço ao grupo exclusivamente da Bel, você pode entrar nele se quiser... Você seria a primeira.
-Que... Animador.
Deixei a conversa de lado assim que o professor adentrou a sala. Ele aparentava ser simpático, mas foi somente impressão uma vez que ele apenas sentou-se e ditou:
-Quero uma redação sobre tema livre em francês em minha mesa daqui a cinco minutos – ele nem mesmo parou para respirar – Duplas, para facilitar.
Fazer dupla com Bel, a garota esquisita que acabara de conhecer, era horrível uma vez que ela não sabia absolutamente nada de francês. Também não sabia que possuíamos neste colégio a matéria “linguagens com um professor tirano”.
-Algum tema? – perguntei.
-Podíamos fazer sobre macacos e como eles se habituam muito bem com os seres humanos.
-Não, obrigada!
Depois de ter feito quase toda a redação sozinha e ter entregado ao professor como ele pedira pudemos descansar enquanto ele as analisava com cautela.
Não pensei em continuar qualquer tipo de conversa com Bel, alem do que ela não me parecia do tipo de que aturava mais de duas perguntas por dia.
Pensei em que tipo de pessoa queria realmente ser aqui. E decidi que seria eu mesma com um pouco de exagero e acenderia certa chama.
Depois de ter analisado cada redação feita sem demora o professor Claude passou por cada assento torturando os alunos com palavras pelos seus erros de ortografia.
Tentei desviar minha atenção da sala, mas não ia a um lugar mais agradável.
Assim que chegou a nossa vez minhas pernas estavam tremulas pelo que ele pudesse falar. Quanto a Bel, estava estourando bolas de chiclete tranquilamente e lixando suas unhas.
-Péssima caligrafia – ele observou – E tenho certeza que podiam abordar um tema melhor que desejos de gestantes.
Não havia muito que fazer quanto à criatividade de minha recém colega. Alem do que o francês estava por minha parte ela tinha de fazer ao menos uma coisa.
O próximo horário que seu seguiu foi mais tranquilo. Ate por que a professora era muito mais paciente e menos grosseira também.
-Álgebra não é tão difícil quanto parece – a professora disse enquanto passava a cada um de nós uma lista de atividade.
Já havia dado todos aqueles assuntos, mas ela só deveria estar repassando para que não os esquecêssemos. Talvez ela os fosse usar novamente este ano e precisava que os exercitássemos.

Depois de finalmente passarem-se as aulas desnecessárias, nós fomos para o refeitório. Observei todo o lugar para gravar muito bem todos os detalhes e procurar por uma pessoa que não consegui encontrar.
Sentei-me ao lado de Bel em uma mesa não muito povoada. Na verdade apenas, Bel e eu estávamos sentadas nela. Mais uns minutos e um garoto juntou-se a nós na mesa. Ele possuía um jeito estranho de se vestir, mas não estava ali para questioná-lo uma vez que eu estivesse mais estranha do que ele.
-Olá, sou Till – o garoto apresentou-se – Melhor amigo de Bel.
-Prazer – mas estava concentrada em procurar o garoto do corredor.
-Lado direito, mesa escura no canto isolado – Bel disse.
-O que? – quis saber.
-O que garoto que você esta interessada, não se finja de desentendida – ela reclamou e iniciou uma conversa intima com o garoto.
Procurei por ele de acordo com as coordenadas que ela me dera. Ele estava lá, lendo um livro e comendo seu almoço. Não vi nenhum obstáculo daqui ate lá, então me levantei e ia seguir ate lá quando vi Catlin sentando-se ao seu lado.
-Achei que ninguém falava com ele – comentei com Bel.
-Por favor... – ela parou ao notar que não sabia como me chamava.
-Mia – apresentei-me de verdade.
-Esqueça dele tudo bem? Será melhor não se colocar no caminho da bobona da Catlin.
-Tudo bem! Esquecido – não queria procurar confusão com aquela garota, principalmente por que não queria ser considerada a novata que não sabe seu lugar.
Mas não resisti ao impulso de observar para ao menos saber o que estavam conversando. Ela sentou-se e mostrou interesse no livro que ele lia, ele o recolheu de suas mãos com rapidez e depois acho que pediu que ela se retirasse, pois ela se levantou e sentou-se com os populares.
Havia muitas pessoas ali que olhavam para o garoto no canto isolado com desconfiança, mas depois voltavam a suas vidas.

No fim de todas as aulas notei que não começara com o pé direito e que seria assim o resto do ano, mas amanha era um novo dia e podia mudar essa situação. E poderia voltar a usar meus jeans, já que não conseguira nem conseguiria ser popular. Não se dependesse de Catlin.
Esperei no estacionamento meu pai vir me buscar, mas esqueci-me que pedi para que ele me esperasse a cinco metros dali.
Bel ofereceu-se uma carona em nosso carro.
-Moro no mesmo quarteirão que você – ela comentou.
-Que legal! Será uma boa companhia – comentei de volta.
Cheguei em casa e mamãe quis saber como tinha sido as aulas, mas antes de respondê-la o que se tornaria uma enorme conversa fui tomar um banho.
-Então algo que te interessou? – ela quis saber.
-Bom! As aulas são tediosas como qualquer outra, mas...
-Mas? – ela me encorajou a continuar.
Olhei para todos os lados em busca de meu pai, mas ele ainda estava tentando estacionar o carro na garagem. Ele era péssimo manobrista e por isso sabia que ele iria demorar.
-Tem um garoto que é muito lindo – falei de uma vez.
-Isso! Sabia que tinha a ver com um bonitinho – ela comemorou – E então ele falou com você?
-Não, quer dizer, é só o primeiro dia. Ninguém fala com os novatos.
-Claro que fala, mas não vamos apressar nada não é?
-Mãe, é só um garoto.
-Não, é o garoto. Pretendem sair?
-Mamãe, por favor – juro como ficava ainda sim ruborizada quando conversava com minha mãe sobre isso, ela conseguia de qualquer forma me envergonhar – Ele só é bonito, mãe nada mais. Eu não o conheço, não falei com ele, só o vi tudo bem?
-Estou tão orgulhosa de você – ela quase estava chorando.
Minha mãe sempre fora assim e às vezes tinhas duvidas sobre o psicológico dela. Quer dizer, ela era dez vezes mais exagerada que qualquer mãe. Se tocasse em assuntos como beijos ela já estaria achando que o assunto era relações sexuais. Quem sabe se eu fosse falar sobre esse assunto acho que ela entenderia que eu teria sete filhos, moraria debaixo de uma ponte, seria fumante e alcoólatra e quem sabe outras mais.
-Estarei no meu quarto – avisei.
Assim que adentrei o quarto tranquei-o por dentro. Não que precisasse esconder algo de meus pais, mas era meu tempo de privacidade. Precisava dele para ter um espaço próprio ou meus pais saberiam da minha vida em cada detalhe.
Abri meu e-mail e meu blog. Gostava de sentar de frente ao PC e observar se alguém queria me aceitar como seguidor ou ser meu seguidor. O blog servia de desabafo, postava textos íntimos que poucas pessoas que me seguiam tinham acesso.

vida é como uma caixa de surpresas, quando você acha que ela não pode te surpreender, então é que ela mostra do que é capaz. Foi o que aconteceu comigo, hoje conheci uma pessoa muito interessante. Não o conheci exatamente, mas sei que é o garoto mais lindo que já vi em toda a minha vida.
Sabe quando você vê alguém e pensa que essa é a pessoa a qual você vem procurando faz um tempo? Bom, o garoto que conheci hoje se encaixa nesses padrões. Ele é gato, não tem namorada e bem... É só isso que eu sei sobre ele. Não se pode saber tudo não é?
Espero ansiosamente pelo dia de amanha quando voltarei a vê-lo.

Depois desse breve comentário não me restava fazer mais nada a não ser dormir, mas não era exatamente o que eu queria.
Ainda estava um pouco atordoada pensando sobre o que Bel havia dito e tudo o que havia acontecido. Quer dizer não havia chances de um garoto como ele ser realmente louco, não é? Não, é besteira da cabeça dela.
E Catlin, aquela garota era o tipo de aviso de perigo que eu queria obedecer. Algo nela me sugeria que o fizesse ou eu poderia de verdade sofrer graves consequências. E não digo ser expulsa do colégio, mas algo mais maléfico como ela.
-Pensando no futuro? – meu pai perguntou.
-Não, estou aqui no presente mesmo – respondi.
-Sabe costumava ficar assim também. Pensativo – ele riu como se fosse alguma piada – Não precisa se preocupar com nada disso agora querida. Você ainda tem muita coisa pela frente, então viva apenas o hoje tudo bem?
-Tudo bem! – ele já ia saindo quando o chamei – Pai.
-O que?
-Mamãe esta fazendo aquilo de novo.
-Vou conversar com ela sobre isso. Boa noite ou tarde, não sei.

Um estranho em minha vida

                                                       Capitulo 3 : Meus poderes



Quase uma semana havia se passado e ainda não conseguia acreditar no que ele tinha dito – estava gostando um pouco mais da cidade só pela presença dele. Na verdade não acreditava nessa historia de bruxas, no entanto, uma coisa muito estranha que aconteceu comigo esta manha me fez pensar se realmente bruxas não existiam.
Levantei-me e segui para o banheiro, joguei água sobre os olhos e quando os abri novamente tudo estava flutuando. Tentei não parecer estar em pânico, mas estava. Calmamente busquei cada coisa com os olhos e então por instinto as ordenei em seus lugares sem tocá-las. Isso tinha acontecido novamente e não estava acreditando que a casa toda tinha algo estranho.
Vesti-me direito e peguei um caderno seguindo ate o colégio, esperava que não notassem nossa entrada sem permissão, já que tínhamos esquecido de trancar a porta. Bom, ao menos não saberiam que tinham sido nós.
Every encontrou-me no caminho, quase nunca sabia de onde ele surgia. Ele parecia calmo, como se o que tivéssemos feito há um tempo nunca tivesse acontecido.
-Bom dia!
-Bom dia! Já conseguiu saber quem pegou o livro?
-Eu já disse a você, foram às bruxas.
-Every você não quer que eu acredite nisso não é?
-É a verdade Eloá, e um dia você vai entender.
-Do que esta falando?
-Estou falando que pesquisei ontem e na sua família havia bruxos, seus antepassados.
-Esta pesquisando sobre minha família sem minha permissão?
-Desculpe, não achei que ficaria irritada com isso.
-Claro que ficaria, se eu falasse que na sua família tem bruxos...
Ele ficou triste de repente.
-Impossível! – ele apressou o passo indo a minha frente.
Tinha pisado na bola, não deveria falar da família dele ainda mais se não a conhecia, mas ele pediu por isso. Mas aquele rostinho abandonado de alguém que precisava muito da presença de um outro alguém. Mas por que logo eu? Reclamei comigo mesmo.
Corri para alcançá-lo.
-Me desculpe, não quis tocar no assunto.
-Eu sei! Você não tem culpa, é que minha família morreu faz um tempo, eu tive que assistir a morte de cada um deles.
-Nossa! Seu jeito de falar lembra-me a minha avó.
-Muito animador Eloá.
-Desculpe-me novamente – disse rindo – É que ela tem um jeito... Antigo de falar.
-Geralmente as pessoas falam assim quando perderam algo muito valioso, no caso da sua avó pode ser a falta que a família dela faz.
-Como...
-Todos da cidade sabem que ela é bastante sozinha.
Queria mudar de assunto, principalmente para não ser culpada.
-Sobre aquele dia, eu queria muito contar algo para alguém e como ainda não coloquei uma carga no meu celular não posso falar com minha melhor amiga, então pode me ouvir sem entrar em pânico?
-Claro!
 Pensei direito se era isso que eu queria, quer dizer fazia exatamente poucos dias e alguns minutos que o conhecia, não sabia se era confiável, no entanto quando olhava em seus olhos – olhos tão singelos e puros – sabia que poderia fazer isso.
-Vem acontecendo coisas estranhas comigo.
-Como assim? – era a vez de ele fazer este tipo de pergunta.
-Tipo coisas flutuando quando leio palavras, e às vezes não... – disparei.
-Vá com calma, não estou conseguindo te entender.
Tínhamos chegado ao portão do colégio e então seguimos ao campus e nos sentamos. Então comecei a explicar a ele as situações que tinham acontecido, parecia que as palavras saiam espontaneamente da minha boca, não estava gostando muito disso, mas precisava desabafar com alguém.
-Não sei nem o que dizer.
-Diga algo, que a casa é assombrada...
-Ah! Você acredita em assombração, mas não em bruxas?
-Quase isso! Mas diga-me o que é tudo isso.
-Eu tenho uma teoria, mas duvido que vá gostar.
-Envolve bruxas não é? – perguntei desanimada.
Ele assentiu.
-Depois do colégio me encontre na floresta – este pediu.
-E por que não vamos agora? – não que estivesse animada com a idéia.
-Tenho... Coisas a resolver.
Isso tinha soado mais estranho do que as frases estranhas dele.
Caminhei ate a biblioteca e tentei procurar algum livro que me interessasse, qualquer um que me distraísse. Não demorou muito a uma garota de longos cabelos loiros abri as portas da biblioteca em tamanho barulho e adentrar a sala como se fosse uma modelo internacional. Não aguentaria mais uma daquelas.
No meu colégio havia garotas como ela, elas eram mandonas se achavam gostosas e quase sempre queriam roubar seu namorado ou mesmo o garoto que você estava a fim – mesmo que elas não gostassem do garoto – estava me vangloriando – não sei por que – por Every não estar aqui neste presente momento.
Ela ainda caminhava e estava torcendo para que ela não viesse para este lado. Cruzei os dedos e parece que funcionou, ela continuou a seguir linha reta, o mais incrível é que ela estava confusa e olhava para trás – onde ela estava querendo sentar-se – para entender a situação. Ela continuou andando reto passando por todas as mesas e indo direto para a janela, isso não estava bom, cruzei os dedos novamente, a garota fez uma curva rápida e então bateu-se contra a estante de livros e caiu sentada no chão.
Olhei para a garota e depois para minhas próprias mãos, eu tinha feito aquilo?
Levantei-me rapidamente e segui para fora da biblioteca, os outros devem ter estranhado alguma coisa, mas não disseram nada. Procurei por todo o colégio, mas estava difícil encontrá-lo. Não sei o que houve com o tempo ensolarado de agora a pouco, mas o céu começava a ficar cinza e o calor de antes foi substituído por uma fina chuva que logo tornava-se densa e pesada, mas o dia ainda estava claro.
Apressei o passo ate estar correndo desesperada pelo colégio esbarrando nas pessoas, quase matando-me por não saber o que estava acontecendo, e se eu era a causa de tudo isso, se fosse não estava gostando.
Continuei a procurá-lo ate encontrá-lo, estava conversando com três garotas – acho que elas estavam o assediando – entrei no circulo de garotas, puxei sua camisa para que seu corpo se aproximasse e então o beijei, meu beijo foi correspondido senti sua língua bem fundo e o sabor incrivelmente doce – de algum tipo de doce que tinha um gosto bastante duradouro – inundou minha boca.
-Preciso da sua ajuda – disse separando-me deste.
Ele assentiu ainda pasmo.
Corremos para fora do colégio e quase cai com a chuva, mas Every ainda segurava minha mão. Tínhamos chegado à floresta e a adentramos com calma, por causa da chuva que não parecia dar trégua.
-Eloá – ele gritou sob os sons de trovoes – Acalme-se ou ela não vai parar.
-O que...?
Esqueci isso e tentei fazer o que ele dizia, mas meu coração batia rápido, meu corpo não parava de fazer movimentos frenéticos, tudo em minha mente trabalhava rapidamente para tentar por as coisas no lugar e invés disso só fazia atropelar minhas idéias, e então ficava de mente vazia e mais nervosa.
Fechei os olhos e tentei imaginar algo calmo e então tudo em mim se acalmou numa incrível rapidez quando lábios gélidos encostaram-se delicadamente aos meus, um beijo singelo e simples que fez meu coração parar por uns segundos, meu corpo entrar em choque com a sensação maravilhosa de seu beijo, minha mente continuava vazia mais isso já não me importava e finalmente estava calma. E tudo isso causado apenas por um selinho, e quando me dei conta à chuva tinha parado de cair.
-Obrigado! – disse, e logo depois senti minhas bochechas queimarem.
-Só queria te acalmar – ele não parecia envergonhado como eu – Quanto mais nervosa estiver com essa situação pior ela fica, tem que aceitar tudo numa boa e então quando tiver o controle da situação você pode pirar.
-Posso te fazer uma pergunta? – ele assentiu – Como sabe tanto de bruxas?
Ele encarou-me e então voltou a encarar o chão, achei que não ia responder.
-Minha... Minha mãe era uma bruxa – não tinha palavras, não sabia o que dizer numa situação como essa – Mas não estamos aqui para isso certo?
Assenti.
-Mas o que exatamente vamos fazer aqui?
-Provar para você mesma que é uma bruxa.
-Não é algo desesperador é?
-Não! – que pena – Pode ficar calma, não é nada de tão aterrorizante.
Nós estávamos fazendo o que eu acho que estávamos fazendo? Quero dizer, fingir que não tínhamos corrido do colégio de mãos dadas após um maravilhoso beijo e então parados aqui na floresta conversando sobre bruxas quando sei que aquele beijo foi a coisa mais incrível da minha vida, já não sei para ele.
-Claro que sim!
-O que disse?
-Nada, estava pensando comigo mesmo – ele pareceu um pouco nervoso.
E a situação ia ficando cada vez mais estranha, mas nele eu confiava.
-Vamos começar?
-Acho que não, já tive bruxarias demais para um dia só.
-Mas quero te provar que eu estava certo, que você é uma bruxa.
Olhei para o céu agora limpo e repleto de azul e não do cinza agora a pouco.
-Já provou! – ele comemorou o sucesso e ri por isso – Mas o que faço agora?
-Não se preocupe com isso vou te ajudar...
-Obrigado!
-Mas é claro que não vai ser de graça.
-O que quer?
-Bem simples, você.
Fiquei por um longo tempo o encarando esperando que aquilo fosse realmente verdade. Isso estava acontecendo comigo? Logo a azarada do colégio que nunca conseguiu um garoto aos seus pés?
E ele continuava ali de frente a mim esperando uma resposta.
-Foi brincadeira – ele disse calmamente.
Comecei a rir e ele sorriu.
-Serio?
-Não! Eu realmente quero você – ele já estava próximo, e mal notei quando isto aconteceu e então olhou nos meus olhos e para minha boca, fechei os olhos e novamente seu beijo devastador chegou com tudo deixando-me de cabelos brancos e desejando cada vez mais.
Então ele separou-se de mim e esperou a resposta. Só não sabia qual palavra dizer naquele momento, então apenas assenti. Seu rosto tenso aliviou-se e seu sorriso – com aqueles lábios vermelhos deliciosos – se abriu vagarosamente.
-Acordo feito, então – disse este de brincadeira.
Voltamos para o colégio sem falar nada no caminho, queria saber como isso funcionaria, mas não tinha coragem de perguntar, por tanto voltamos a nossos afazeres e depois iríamos conversar, ao menos foi isso que ele tinha dito.

Meio-dia estava de volta em casa, vovó estava sentada no sofá assistindo a um programa de culinária acariciando o denso pelo de Hole que assim que me viu saltou do sofá vindo ate mim.
Ele rodou bastante e saltou em minhas pernas, peguei este no braço e segui ate o sofá.
-Olá vovó!
-Oi querida, como foi o dia?
-Muito bem! – disse lembrando do beijo.
-Que cara é essa? Tem algo a me dizer?
Não sabia muito bem se eu queria dizer a ela, quer dizer avós não são para essas coisas, ao menos não para mim.
-Não, na verdade não. O que anda fazendo?
-Nada demais, limpei a casa, fiz o almoço, molhei as plantas e sentei-me aqui para assistir.
-Que interessante! – brinquei.
-O que acha de pegarmos um cinema mais tarde?
-Parece uma boa, mas que filme vamos ver?
-Você escolhe querida, não tenho opção de filme.
-Mesmo? O que acha então de terror?
-Se acha que vai me assustar esta muito enganada garota – sorri e já ia subindo, mas ela me avisou – Coloquei carga no seu celular, aproveite-a enquanto ainda tem.
-Obrigado, você é a melhor avó do mundo – beijei seu rosto e corri para meu quarto.
Soltei Hole no chão e ele foi diretamente para a janela, peguei meu celular e dei as costas ao cachorro, disquei o numero de Joana e liguei.
-Ate que enfim – ela cantarolou do outro lado da linha.
-Desculpe amiga, sei que foi muito tempo.
-Muito não, bastante. E então qual as novidades?
-Acho que eu tenho um namorado – assustei-me ao ouvir um riso baixo vindo de trás de mim, quase morri de susto e vergonha quando me virei e vi Every rindo na janela com Hole em seus braços, ele fez um sinal para que eu prosseguisse, enquanto isso não notei a festejo que Joana fazia por isso e as perguntas.
-E então? Como ele é?
-É... Lindo, alto, tem uma franja encantadoramente fofa e parece um anjo só que daqueles malvados – disse me aproximando deste, ele sorriu e evitou rir. Ele fez um sinal pedindo para ouvir também, coloquei o celular em viva-voz.
-Eu preciso conhecê-lo. Eu vou para a casa da sua avó, amiga.
-Esta falando serio? Vem aqui só por isso?
-Não, claro que não. Estou indo para ver se arranjo um também.
-E o que houve com o Cole?
-Ele não serve para mim, é muito... Criança.
-Ele não faz o que você manda não é?
-Bom, conversamos depois. Estarei ai amanha pela tarde, por tanto espero que o quarto esteja limpo e que seu gato seja realmente gato.
-Certo!
-Tchau!
Ela desligou o telefone com medo com certeza de que eu voltasse a perguntar sobre Cole.
-Sua amiga é bastante simpática – Every comentou.
-Ela tenta o quando pode. O que esta fazendo aqui? E como conseguiu entrar?
-Primeiro, sou o melhor escalador do colégio. E segundo... – ele ficou serio – O livro... Ele esta na biblioteca novamente.
-Como...? Eu estive lá hoje de manha e eu te juro que não estava lá.
-Não precisa jurar, eu sei que não estava lá. Mas hoje de tarde eu voltei ao colégio acompanhado por um segurança...
-Espera o que foi fazer lá?
-Meu celular caiu quando... Bom você me arrastou para fora do colégio – este sorriu – Tudo bem voltando ao assunto, quando se acha alguma coisa perdida eles geralmente levam para a secretaria, mas como esta fica fechada os alunos deixam os pertences perdidos na biblioteca já que é o único lugar disponível durante o verão. E eu tenho certeza que nenhum dos alunos esteve com aquele livro.
-E o que vamos fazer?
-Nada, ele não é assim tão importante, e a única coisa importante que havia no livro foi arrancado.
-Primeiro como teve tempo de avaliar esse livro por inteiro? Segundo se você diz que a coisa importante foi arrancada então você deve saber que coisa é essa não é?
-Eu... – ele riu sem graça – Tive que nocautear o segurança e quando ele acordou disse que um livro grande o grosso caiu em sua cabeça. E segundo, eu já li aquele livro um milhão de vezes, sei o que há ali do começo ao fim.
-Então pode me dizer?
-Não é simples assim, a uma lei aplicada a mim. Eu simplesmente não posso comentar nada sobre as bruxas.
-O que quer dizer com isso Every? – perguntei preocupada.
-Me perdoe Eloá, nem mesmo isso posso te dizer... Ainda. Eu sinto muito mesmo, quando estiver pronto eu prometo que lhe conto.
Ele atirou-se janela abaixo e quando olhei para fora em busca deste não o encontrei mais, tudo era tão esquisito e agora ele tinha seus próprios segredos e eu não tinha notado isso. Seria perigoso?